"A Noite do Jogo" | Crítica

Ação e comédia se encontram, politicamente incorretos

Jason Bateman e a indicada ao Oscar Rachel McAdams fazem parte da comédia de ação da New Line Cinema, “A Noite do Jogo”.

Bateman e McAdams estrelam como Max e Annie, cuja noite semanal de jogos para casais é animada quando o irmão carismático de Max, Brooks, organiza uma festa de mistério, completa com bandidos falsos e agentes federais falsos. Então, quando Brooks é sequestrado, tudo faz parte do jogo, certo? Mas quando os seis jogadores super competitivos decidiram resolver o caso e vencer, eles começam a descobrir que nem esse “jogo” - nem Brooks - é o que parece ser. Ao longo de uma noite caótica, os amigos encontram-se cada vez mais em cima de suas cabeças enquanto cada reviravolta leva a outro rumo inesperado. Sem regras, sem pontos, e sem ideia de quem são todos os jogadores, isso pode se tornar o mais divertido que eles já tiveram... ou, acabou o jogo.

Esse é daqueles filmes que não agrada todo mundo. É preciso uma mente aberta e um humor solto - às vezes negro - pra se sentir confortável, e se divertir. O filme conta com muito humor físico, que são aqueles tombos em momentos inesperados que nos fazer rir. Ou um tiro que acerta em lugar errado, mas depois é esquecido pelo roteiro. Parece que as dores dos personagens 'some' do nada, e tudo volta ao normal. As situações quase levam a um humor pastelão. Talvez seja essa a intenção do filme. Apresentar ação, recheada de humor. Ou seria uma comédia recheada de ação?

Vemos também várias referências a filmes, atores e diretores, tanto visualmente, quanto em citações. Além dos jogos de tabuleiro, temos brincadeiras que todos já fizeram em casa com amigos. Pra quem gosta de cinema, vai achar muita coisa interessante. Nos jogos de mímica ou adivinhação realizados pelo casal, a maioria das respostas são filmes ou personagens, como 'A Espera de Um Milagre' ou Hulk.

As atuações são limitadas pelo roteiro. Os personagens são estereótipos comuns em filmes com grupos. Tem o jovem burro, o negro que sofre racismo, a mulher que não faz parte do grupo e está ali por acaso, e o irmão que parece ser bem sucedido. Jason Bateman é o protagonista ao lado de Rachel McAdams, mas também funcionam muitas vezes como trampolim pros coadjuvantes. Mas um dos destaques é quem menos aparece durante o filme. Gary, vivido por Jesse Plemons, tem uma atuação propositalmente esquisita - juntamente com seu cachorrinho, e em certo momento muda o comportamento, e você entende os motivos. Os movimentos lentos de câmera fazendo zoom in em Gary tornam a situação do personagem mais bizarra, e engraçada ao mesmo tempo, pela reação dos outros personagens.

Apesar de ser uma comédia / ação, temos até jump scare em um momento de tensão. Mas o filme não segue esse caminho. Pra quem gosta de comédia pastelão, vai rir bastante e se divertir. Pra quem não gosta, se relevar algumas situações, pode se divertir com a ação. A 'marmelada' se mistura com o humor politicamente incorreto, e mantém o gênero indefinido.

Na sequência em que os amigos estão na casa à procura do ovo, vemos um longo falso plano sequência, onde a câmera acompanha cada personagem do elenco principal. Claro que o humor físico volta a aparecer aqui, mas é uma cena interessante.

E seguindo a onda das histórias que continuam nos créditos, aqui nós vemos a montagem do plano todo enquanto os nomes dos atores surgem na tela. E pode esperar porque ainda tem um pós créditos engraçado, que explica uma situação mencionada durante toda a trama.

O filme tem linguagem ofensiva, violência e referências sexuais, tudo com muito humor. A direção é de John Francis Daley e Jonathan Goldstein, em seu segundo filme como co-diretores, seguindo a comédia "Férias Frustradas".

A Noite do Jogo é uma boa pra quem quer assistir um filme divertido, sem grandes pretensões. Eu particularmente gostei. Dei risadas sozinho, me envolvi com alguns personagens e gostei do fechamento com as cenas pós créditos.

Nota: 7/10

Confira o trailer de "A Noite do Jogo":