"Cargo" | Crítica
- Anderson Heldt

- 21 de mai. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 31 de jul. de 2018
Cargo é baseado no curta homônimo de 2013

Filmes de zumbi tiveram seu auge, e talvez tenha passado aquela fase. Mas um bom filme, com zumbis sendo apenas figuras secundárias ainda é muito bem aceito. Com lançamento na Netflix, Cargo apresenta uma trama familiar com uma carga dramática pesada, e um drama de deixar o espectador tenso.
Quando um casal e a filha bebê precisam encontrar comida para sobreviver, as coisas saem do controle, e o pai tem 48 horas para encontrar alguém que cuide de sua filha. A história é baseada em um curta homônimo finalista do Tropfest Austrália 2013.

O elenco conta com Martin Freeman, o Bilbo da franquia ‘O Hobbit’, que vive o pai, e carrega o filme todo nas costas. Ele consegue passar todo o desespero e sofrimento que vive, e nos mantém focados na história. Outros personagens, como Thoomi (Simone Landers), também tem sua importância, e se destaca na trama.
O roteiro é corajoso e realista, pecando apenas em alguns detalhes, como explicações que surgem no momento em que nada mais pode se fazer. Aquela explicação acaba sendo a saída pro fato. Mas quase tudo acontece como deve acontecer. Os momentos previsíveis acontecem em segundos. Você não espera aquilo, mas quando vai acontecer, a cena acaba entregando. Se comparado com o curta, eles aprofundaram mais nas histórias das pessoas, como na festa de aniversário, que no filme original não vemos a família, e nem onde estão todos.
Toda a carga dramática do filme é pesada. Momentos tensos e de desespero aparecem a cada mudança de plano. Assim como o pai, na busca pela pessoa certa pra cuidar da sua filha, nós também desconfiamos de cada personagem que surge ao longo da caminhada. E a cada decepção, o tempo corre contra o relógio, e a tensão aumenta. O tema família está presente não só no protagonista, mas também nos coadjuvantes. Os zumbis, e toda a situação apocalíptica, apenas representam as dificuldades da vida. O que vemos é a luta pela sobrevivência, seguindo o instinto paterno de proteção. Nada importa além da segurança e o futuro da criança.

O filme mostra a tensão da sobrevivência sem recursos, e o peso da dependência de alguém frágil. Os problemas são os mesmos. Falta de comida, água tratada, um lugar seguro... mas aqui isso é mostrado como um problema a mais, com foco no destino que os aguarda.
Durante o filme temos varias cenas chocantes, inesperadas e que incomodam. Apesar de não mostrar muita violência, fazem nossa mente imaginar o que está acontecendo, usando diálogos e o som. Como no desespero de um pai e sua família, onde contamos os tiros e deduzimos o acontecido.
Cargo não é só mais um filme de zumbi. É um drama familiar em um mundo pós apocalíptico.

Nota: 8,5/10
Confira aqui o curta homônimo de 2013 (Cuidado com Spoilers):
Confira o trailer de "Cargo" (da Netflix):







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