Abre Aspas: "Exorcismos e Demônios"
- Anderson Heldt

- 24 de abr. de 2018
- 3 min de leitura
Um prato cheio pra quem gosta de sustos gratuitos.

Mais um filme com exorcismo estreia nos cinemas. E é mais um mesmo, com todos os clichês possíveis. Após a morte de um freira durante um exorcismo, um padre é sentenciado à prisão. Tempos depois, uma jornalista cética vai investigar se a morte foi realmente causada pelo padre, ou se foi resultado de uma presença demoníaca. O cenário no estilo medieval da o tom pra essa história.
A atriz Sophie Cookson, que interpreta a personagem Nicole Rawlins não passa muita segurança ao interpretar uma jornalista. Ela fica o tempo todo fazendo perguntas e curiosa sobre tudo, mas não tem a atitude pertinente. Por ser a principal personagem, talvez exista um excesso do roteiro com ela. Cenas facilmente descartáveis. O padre Anton, vivido por Corneliu Ulici, nem se fala. Passa uma descrença enorme do seu personagem. Muito fraco! Já a freira possuída Adelina (Ada Lupu) não faz nada além de se contorcer e gritar. Gritar muito. Ela é sim uma boa possuída, necessária para um filme de exorcismo clichê.

As melhores cenas do filme, em sua maioria, estão no trailer. Existem sim cenas bem marcantes e chocantes, com sangue e macabras. A direção de arte trabalha muito bem, como podemos ver por exemplo, no quarto abandonado da freira. O lugar passa a sensação de abandono e desgraça, o que mostra exatamente o que houve ali. Também vimos uma festa macabra, onde as pessoas usam máscaras assustadoras. Apesar das boas cenas, o filme é previsível. A trilha sonora entrega todos os momentos de tensão, com aquela famosa técnica de ir abaixando o som, até jogar o barulho lá no alto pro susto acontecer. Pra quem gosta dos jump scares – os famosos sustos gratuitos – o filme vai te deixar satisfeito. Até uma aparição normal, acaba se tornando um susto, sem efeito nenhum no roteiro. Ponto positivo pra direção de arte, mas o efeito especial das aranhas, hum, esse me incomodou e deixou a desejar.
O roteiro fica arrastado em um certo momento, apesar da boa discussão sobre a crença da personagem, e sua história. Os flashbacks são condizentes às crenças de cada personagem, e tentam se aprofundar sem muito sucesso. As atitudes dos personagens, como na maioria dos filmes de terror, são burras e impensadas. Sempre aqueles movimentos lentos, e indo pro lado onde está o perigo. Até chegar onde você já espera.

Os takes usados também são repetitivos. Cada lugar que a jornalista chega, parece a mesma cena. Ela dirigindo, chega com o carro, desce, e vai em direção à pessoa. Até o caminhar das conversas com outros personagens são iguais. Ainda sobre os clichês, podemos ver aqui vários deles. Temos a jornalista curiosa cética, o padre disposto a ajudar e a testemunha que tem medo de falar o que sabe. E claro, temos poder sobrenatural, portas que se abrem, vozes do além, e lugares abandonados.
O terceiro ato, onde chega a resolução do problema, é ainda mais decepcionante. Tudo acontece com pressa, e sem lógica. Aquele mesmo demônio inteligente, forte e persistente, agora não aguenta meia dúzia de palavras do novo padre. E toda aquela luta contra o mal, que dependia de tempo e repetições no exorcismo, mostrado no começo do filme, vão por água abaixo no final. As materializações demoníacas vão ao extremo, com corpo levitando, coisas quebrando, água caindo do nada e tudo que os efeitos especiais puderam fazer. Mas os envolvidos inexplicavelmente ficam intactos durante aquelas situações.

“Exorcismos e Demônios” (The Crucifixion, 2018) funciona muito bem pra quem quer sustos e algumas cenas perturbadoras, como a da agulha no olho – que também está no trailer. No mais, não espere nada além de clichês. O filme não é de todo mal, mas não passa de mais um filme de gênero.
Nota: 5/10







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