"A Freira" | Crítica
- Anderson Heldt
- 6 de set. de 2018
- 3 min de leitura
Tamanha expectativa criada pode ter atrapalhado experiência do filme.

Muito foi esperado desse filme, após a primeira aparição da personagem em "Invocação do Mal 2". A expectativa foi lá em cima após boatos de que o próprio YouTube teria proibido um trailer do longa em seu site, por apresentar conteúdo muito pesado. Mas a verdade é que Valak era muito mais assustadora atuando nas sombras, quando não era totalmente mostrada.
Presa em um convento na Romênia, uma freira comete suicídio. Para investigar o caso, o Vaticano envia um padre assombrado e uma noviça prestes a se tornar freira. Arriscando suas vidas, a fé e até suas almas, os dois descobrem um segredo profano e se confrontam com uma força do mal que toma a forma de uma freira demoníaca e transforma o convento em um campo de batalha.
Os personagens são bem apresentados, e aos poucos mostram suas características. Cada um com seu jeito de lidar com as situações. O padre Burke (Demian Bichir) é perturbado e irritado. Sempre com medo, mas tentando resolver a situação. A noviça Irmã Irene (Taissa Farmiga) é curiosa e decidida, apesar de parecer fraca e sensível em alguns momentos. Mas o que não me agradou foi o personagem Frenchie (Jonas Bloquet) com suas piadas fora de hora, sempre quebrando o clima com seu jeito engraçadinho. Já a freira demoníaca Valak (Bonnie Aarons) vai aparecendo aos poucos de forma interessante, mas quando aparece pra valer mostra um excesso de efeito visual que tira um pouco a sensação de medo.

O uso de elementos do terror está presente por todo o filme. As cruzes, por exemplo, aparecem a todo momento, criando um cenário de medo e apreensão. E a presença do clichê das cruzes de ponta cabeça estão ali, mas não estragam a experiência. A ambientação do filme é sombria, com uma fotografia impondo o suspense. Você espera o susto, e ele chega em momentos inesperados.
Aliás, o famoso jump scare é muito utilizado aqui. Os sustos estão por toda parte, chegando a nos fazer tentar adivinhar quando eles irão acontecer. O terceiro ato é quase "uma noite de terror" do Hopi Hari - parafraseando nosso amigo Marcelo Leme. Cada canto escuro é uma possibilidade de susto.
O jogo de câmera característico de "Invocação do Mal", fazendo movimentos de vai e vem, de um lado pro outro, também acontecem aqui. Esse método de direção proporciona as melhores cenas do filme. Como na parte em que Frenchie está no cemitério, e procura o que está fazendo barulho. Mas as idéias idiotas de curiosidade também tomam conta. Aquele personagem que entra sozinho onde não deveria, ou que vai se aproximar do que não conhece. Você sabe que vai dar merda, mas ele vai mesmo assim.

O que deveria ser o propósito do filme não acontece. A história de Valak não tem uma profundidade digna da personagem que vimos lá na sua primeira aparição. E como eu já disse, ela acaba sendo prejudicada pela exposição exagerada, com intuito de provocar medo pela aparência. A Freira assusta, mas por várias vezes exagera e tira a credibilidade. E quando ela demonstra aparecer mais forte do que nunca, um detalhe colocado na história resolve o problema.
"A Freira" tem momentos com simbolismos fortes, como ver uma freira se suicidar, o que é considerado o pior pecado de todos. Ou ver a freira demoníaca em um momento sobre a água, referenciando um batismo. Todos momentos chocantes e tensos, criando um clima de desconforto. O aspecto visual em um modo geral é bonito e chama atenção. A fotografia funciona.

"A Freira" não apresenta nada interessante além do que vimos anteriormente. Não chega a ser um desperdício de personagem, ou um filme ruim. Mas talvez seja o mais fraco do universo "Invocação do Mal". Os pontos fortes ficam com o visual do filme e o simbolismo esporadicamente presente. Os pontos fracos são as piadas fora de hora, a falta de algo novo, e os efeitos visuais exagerados da freira.
A melhor parte do filme, foi ter a presença da Freira e a Noviça na sala do cinema Centerplex, bem no meio de uma cena tensa. Espero presenciar mais momentos criativos como esse nas salas de cinemas.
Não é o melhor filme de terror do ano, mas com certeza pode tirar o teu sono se assistir com as luzes apagadas antes de dormir.
Nota: 6,5/10
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